
O Palmeiras frente à rescisão
contratual não amigável entre Scarpa e Fluminense exerceu sua liderança no
mercado brasileiro, tanto pelo poder de fogo financeiro, como pela
possibilidade de prover condições para elevação da carreira dos jogadores.
Duas questões acabam sendo o
principal ponto de debate sobre uma contração como essa, frente à uma briga
judicial do jogador com seu antigo empregador e proprietário dos direitos
profissionais, as quais são: é correto um jogador ganhar o passe na justiça e seu
time atual perder os direitos e possibilidade de ganhos com esse jogador; e a
outra é o Palmeiras precisa de outro jogador com as características de Gustavo Scarpa?
A resposta para ambas as questões é sim.
O debate sobre um jogador
rescindir seu contrato com o clube em que joga é travada de forma extremamente
romantizada, como se o fato de um jogador de futebol, por ser um indivíduo que
possui um salário bem maior que a média da população, automaticamente não tem
direitos trabalhistas. Em um futuro que se aproxima, provavelmente nenhum de
nós terá direitos trabalhistas, mas por enquanto algum tipo de direito ainda
existe. O Fluminense devia ao atleta, três salários, décimo terceiro e estava
com FGTS atrasado. Será que de fato, dentro dessas circunstâncias, quem está
errado na história é o jogador que estava jogando sem receber salários?
Compreendo o entendimento de que
o jogador precisa se doar o time, honrar a camisa que está vestindo, e que
principalmente no futebol, muita coisa é movida pela paixão. Mas o clube,
empregador do profissional, precisa cumprir com suas obrigações, caso contrário
fica sujeito a perder os direitos financeiros que possui sobre o mesmo, afinal
não cumpriu sua parte do contrato firmado. E caso o Palmeiras também não cumpra
sua parte do contrato com Scarpa ou outro jogador, qualquer um deles tem o
direito de tomar o mesmo caminho.
Outra questão é se não é exagero
o Palmeiras contratar outro camisa 10 para o elenco, ainda mais da qualidade e
preço de Gustavo Scarpa. O Palmeiras em 2017 teve problemas com a posição,
tendo que improvisar o Dudu muitas vezes como meio campo. O único 10 de fato no
elenco do ano passado era Alejandro Guerra, que passou por alguns problemas
físicos ao longo do ano. Moisés foi utilizado várias vezes na posição, mas esse
além de render mais jogando mais recuado, como em 2016, é a posição de preferência
do jogador, que deve voltar a exerce-la esse ano. Além de infelizmente ter
sofrido com uma lesão grave.
Com isso, o Palmeiras tratou de
aproveitar a oportunidade de contratar Lucas Lima, o qual estava sem contrato,
supostamente o problema estava resolvido, mas o Palmeiras aproveitando que
Scarpa estava sem contrato também o contratou. A primeira coisa que boa parte
da torcida e da imprensa diz é, como vai colocar todos esses jogadores para
jogar? Uma coisa precisa ser lembrada, não jogam apenas 11 jogadores, é
necessário ter elenco de qualidade para suportar a maratona de jogos no
calendário brasileiro.
Mas aparentemente causa
estranhamento às pessoas um time ter duas peças de qualidade para a mesma
posição e logo aparecem falas criticando a contratação de um ótimo jogador. É
necessário acabar com essa cultura de que os jogadores que não são titulares têm
que ser piores, se um time provém condições de ter 30 jogadores (número de
jogadores que costuma ter os elencos no Brasil) de qualidade, esse está correto
em contratá-los. E se o jogador mesmo sabendo da concorrência interna para uma
vaga de titular, escolhe aceitar essa proposta e brigar em campo pela vaga, ao
invés de aceitar proposta de rivais onde seria titular absoluto, é indício de
que o time escolhido está trilhando o caminho certo.
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