Borja: Nunca criticamos (pouco)!


Não é de se espantar que no time onde o termo “corneta” foi criado há muitas décadas, a corneta toque como em nenhum outro lugar no mundo futebolístico. Entre os mandamentos palestrinos, um deles vigora com força, o qual é: não importa que jogador você é ou o que já fez, nunca estarás imune às cornetas alviverdes. Com Borja, não seria diferente.

Recebido com as devidas pompas de ter sido o melhor jogador da América em 2016, era o nosso novo homem de ouro ou pelo menos a peso de ouro. Nascido em Tierralta na Colômbia, o nosso candidato a craque tímido e bem religioso, ficou até assustado com a recepção que teve pela torcida no Aeroporto de Guarulhos, ovacionado, carregado nos ombros da massa, apenas pela expectativa do que poderia fazer por aquelas cores.

Primeiros dois jogos, ainda no Campeonato Paulista, ele sai do banco de reservas para marcar em poucos minutos em campo, nas arquibancadas se tinha cada vez mais certeza que havíamos realizado a compra perfeita para sanar a lacuna deixada pelo menino Jesus. Mas a corneta tarda mas não falha, ali começou o purgatório, dificuldades no posicionamento, gols perdidos, o fulgor do casamento entre Miguel e a torcida começava a ter seus alicerces abalados. Com a chegada do Mestre Cuca, esperava-se uma melhora do craque, a qual parecia ter vindo no primeiro jogo com o novo técnico, dois gols, parecia ser a ser virada do nosso personagem, mas não passou de um prelúdio para continuação do purgatório.

Veio o banco de reservas, seca de gols, ausências nas listas da seleção do seu país e as cornetas tocaram forte, já se falava na certeza de ter feito o pior investimento da década, “jogador limitado”, “só fez uma temporada boa na vida”, “não consegue dominar uma bola”. Apesar de após a saída da Cuca e a ascensão de Alberto Valentim ao comando, Borja voltou a marcar, fez gols importantes que nos levaram ao vice-campeonato, mas as alcunhas dadas à nossa estrela continuavam à tona, a pecha de investimento perdido já estava grudada em sua testa.

Chegou 2018, as desconfianças em voga, agora sob a batuta de Roger Machado, e o Borja que esperávamos em 2017 chegou, com um ano de atraso, mas chegou. Seu nome continua Borja, todavia o comandante e seus companheiros de equipe mudaram o seu nome de tratamento, Borja agora é Miguel. E parece que a mudança do nome mudou seu futebol. Participativo, faz tabela, marca, goleador, um poço de calma frente a frente com o goleiro, gols em todos os rivais, 6 gols na Libertadores, assistências. São 15 gols até então em 2018, frente aos míseros 10 gols durante todo o ano de 2017. O Borja de 2017 era o presságio do fracasso, o Miguel de 2018 traz o vislumbre do sucesso e é sem dúvida um dos 3 melhores centroavantes que atuam futebol sulamericano.

O desempenho do nosso atacante é impressionante, é o segundo maior artilheiro de 2018 entre o clubes da série A, perdendo apenas para Arthur Cabral do Ceará (que deve desembarcar no Palestra Itália em janeiro/2019) que tem 17 gols marcados, mas dos quais a maior parte foi marcada no campeonato cearense, que com todo o respeito que o Estado do Ceará merece, é um campeonato amador, no qual jogam dois times profissionais. Esse desempenho do Miguel, carimbou sua vaga na Copa do Mundo da Rússia e a boa temporada parmerista.

Precisamos desse Borja para o segundo semestre e ele precisa do calor da torcida, que nos levará à todas as glórias que se oferecem para nós até o fim do ano. As cornetas para ele ou demais jogadores
não cessarão, mas muito melhor do que assoprar as cornetas é tê-las caladas frente à alegria oriunda dos seus gols.

Comentários

Lohana disse…
Percebe-se claramente que você estava bem inspirado quando escreveu este texto. Os corneteiros são a pior espécime que habita o mundo do futebol, principalmente aqueles que chegam a torcer alucinadamente para que o jogador entre em má fase só para que tenham um motivo para assoprar as cornetas. Felizmente, no mundo do futebol, também existem os torcedores "de verdade", a exemplo de você, o maior palmeirense de todos os tempos!