Qual crime cometeram os jogadores da base do Palmeiras?

A base do Palmeiras nos últimos anos vem se destacando como nunca antes na história desse país, sobretudo após uma gestão mais profissional da base palestrina a partir da Gestão Paulo Nobre. Desde 2015, o Palmeiras vem enfileirando títulos em todas as categorias, do sub-11 ao sub-20, títulos estaduais, nacionais e internacionais, com inúmeros jogadores sendo convocados a todo momento para as categorias de base da seleção brasileira e de outros países, como Paraguai e Colômbia.

Resultado de imagem para foto palmeiras campeao brasileiro sub 20 2018Dentro dessas ascensão da base alviverde, a atual geração sub-20 é recheada de jogadores que colecionam convocações para a seleção brasileira e olhares atentos e sedentos de caçadores europeus em busca de valiosas (e baratas!) presas sulamericanas, como o atacante Fernando, vendido ano passado para o Shaktar Donetsk por 5,5 milhões de euros. O atual time sub-20 do Palmeiras teve nada menos que sete jogadores convocados para o último sulamericano, Vitão, Alan, Luan Candido, Gabriel Furtado, Gabriel Menino, Papagaio e Aníbal (Paraguai), além de Ivan Angulo (Colômbia) contratado durante o torneio. Os três primeiros são os jogadores que chamam mais atenção. Vitão, zagueiro de 19 anos, transpira segurança, capitão da seleção brasileira sub-20. Alan, meia-armador habilidoso, figura também no time titular da seleção sub-20, apesar de ter se contundido e cortado do último torneio. Luan Candido, lateral esquerdo nascido em 2001, convocado pra seleção sub-20 mesmo quando tinha idade sub-17, apontada pela mídia europeia como um dos grandes destaques da sua geração e alvo de seguidas propostas do futebol europeu, as últimas de Barcelona, Juventus, Manchester City e RB Leipzig (Alemanha).

Os três últimos nomes citados e que são os jogadores de mais destaque do time sub-20 do Verdão possuem outra coisa em comum além do ótimo futebol, nenhum dos três teve ao menos uma chance de entrar em campo no time profissional alviverde. O primeiro argumento para essa questão é o tamanho do elenco palestrino, recheado de estrelas, contudo, o jogo do último sábado contrasta um pouco esse argumento. No último sábado o Palmeiras jogou pela 10ª rodada do Campeonato Paulista (vulgo Paulistinha), dada a necessidade de poupar o time titular para o jogo da Libertadores e visto a maratona de jogos, a comissão técnica sob a batuta de Felipão, deixou o time titular treinando, atitude justa e apoiada. Todavia, houve duas exceções, Gustavo Gomez e Borja, por um simples motivo, só haviam jogadores oriundos da base capaz de ocupar as posições desses dois jogadores no time titular.

Além de desnecessariamente levar dois jogadores titulares para um jogo se importância alguma, se viu no banco de reservas, 8 jogadores, sendo 5 oriundos do sub-20 em transição para o profissional, e outros 3. Adivinhem só, quais foram as 3 substituições realizadas pelo técnico durante o jogo. Sendo a última a mais revoltante. Aos 40min do segundo tempo com um jogador a mais, Felipão saca um atacante de lado e coloca Jean, um volante, para que? Por que não colocar o Léo Passos no ataque e ir pro abafa? Por que não colocar Luan Candido avançado, que por diversas vezes joga assim e tem ótimo potencial ofensivo?

Em relação ao time titular, por que o Vitão não poderia ser testado contra o poderoso Mirassol a ponto de ter que arriscar fazer com que o Gustavo Gomez tenha uma maratona de 3 jogos em 7 dias, sendo um desses jogos na Colômbia com viagem desgastante. Pode-se argumentar que lhe falta experiência, mas como o jogador terá experiência, se não recebe a mínima oportunidade de mostrar seu valor em campo.

Ano passado a mesma situação se repetiu sob o comando de Felipão, com jogadores que inclusive já tinham minutos em campo pelo profissional, como Gabriel Furtado, Papagaio, Pedrão, Vitinho, Arthur (esse último, o único que teve ao menos alguma chance). E todos esses jogadores sendo sempre preteridos por motivos que carecem de explicação razoável.

A base parmerista parece ter cometido algum crime hediondo e inafiançável, que apenas Felipão viu e não quer compartilhar com o público. Dessa forma, são punidos a todo momento com a perda da possibilidade de mostrar seu valor com o manto verde e branco. Na impossibilidade de vestirem verde, os times europeu não tardam em levá-los por alguns milhões de euros, e isso deve acontecer sem eles terem a chance de honrarem o verde que os criou para o futebol e deram a possibilidade de se mostrarem ao mundo.

O que seria de Gabriel Jesus se o Felipão fosse o técnico em 2015, o que será da atual geração sub-17 que teve nada menos que 7 (S-E-T-E) jogadores convocados pela seleção brasileira para a disputa do sulamericano sub-17. As contratações são importantes e essenciais para a disputa dos títulos, mas nossa base está revelando craques que precisam ter sua chance e mostrar se são ou não capazes. Sem isso, ao invés de serem lembrados por glórias e títulos, serão lembrados na melhor das hipóteses por colaborar com o engordamento da nossa conta bancária.

Comentários

Lohana disse…
Ótimo texto baseado em observação muito pertinente. Mas contra a teimosia do Felipão não há argumentos. Se não deu oportunidade para os meninos contra o Mirassol, tendo o Palmeiras um jogo importante pela Libertadores poucos dias depois e desfrutando de uma liderança confortável no Paulista, não dará mais. No Brasileirão, pode esquecer. Se se trata de alguma estratégia maluca (e sem sentido) ou simplesmente de um preconceito infundado, não saberemos, mas fato é que, como você bem ressaltou, dificilmente haverá outro Gabriel Jesus enquanto Felipão permanecer no comando da equipe. E digo mais: ainda que este texto muito lúcido chegasse às suas mãos, ele ainda preferiria colocar um volante em campo contra Mirassóis da vida e outras possíveis bizarrices a dar oportunidade aos convocados para o sub-17.