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| Crédito: Cesar Greco/Ag. Palmeiras |
O Palmeiras mais uma vez começa a
temporada tropeçando em si mesmo, jogando no limiar do necessário, apresentando
qualidade de futebol abaixo das expectativas da torcida, mas principalmente da
imprensa, todavia isso não significa resultados ruins. Aliás, ouso afirmar que
em termos de resultados está ótimo, dado que na única competição séria que
disputamos até agora em 2019 estamos praticamente classificados para a fase
mata-mata e tomamos apenas um gol.
O futebol do esquadrão palestrino de fato
não está encantando, mas alguém aqui espera um time do Felipão com futebol
encantador? Nosso amado e rabugento técnico vende eficiência, pragmatismo e
caso ele consiga entregar o que vende, compraria o seu produto de olhos
fechados. E há pontos positivos nisso que devem ser ressaltados, o mais
importante deles, é que o Palmeiras toma poucos gols e atrelado a isso, dificilmente
o Palmeiras toma um gol de bola aérea. Não seria incomum ouvir que isso não é
mais que obrigação de um elenco da qualidade do Palmeiras, todavia o elenco
antes da chegada do Felipão já era forte e o Palmeiras tomava inúmeros gols
bobos, sobretudo de bola aérea durante as breves passagens de Eduardo Baptista
e Roger Machado.
Com a defesa como ponto forte desse time,
é necessário debater o ataque ou melhor ainda, a transição entre a defesa e o
ataque. Essa passagem da bola entre a defesa e o ataque do Palmeiras é um
problema recorrente e a crítica deve ser feita sim dado que o Palmeiras tem
qualidade para melhorar isso. Como comentado à exaustão na mídia o Palmeiras
abusa da ligação direta, geralmente ou o próprio goleiro o faz, ou então o
zagueiro lança a bola quando fica sem opções de passe ou é pressionado, o que
significa que acontece muitas vezes. Todos os times hoje em dia em determinados
momentos do jogo irão subir a marcação e pressionar a saída de bola adversária
para obrigar os times a rifar a bola, contudo me parece óbvio que é necessário
que mais jogadores voltem para trás da linha do meio campo na reposição de bola
para facilitar essa saída e se livrar da marcação inicial do adversário no
primeiro quarto do campo, os dois volantes titulares tem qualidade suficiente
no passe para auxiliar os zagueiros e laterais a superar essa primeira marcação
sem a necessidade de se livrar da bola e ficar torcendo para o Deyverson
conseguir ganhar do zagueiro na bola pelo alto. E essa saída de bola do Palmeiras
precisa ser treinada, a comissão técnica precisa resolver isso e terá 15 dias
de intertemporada para isso, além da parada da Copa América daqui dois meses.
Vale ressaltar que não estou defendendo
aqui o estilo de jogo do Guardiola ou então o do Fernando Diniz
no Fluminense, muito menos o futebol do Santos de Sampaoli, esse último
inclusive exaltado como uma revolução no futebol brasileiro mas que na prática
não passa de uma incessante troca de passes laterais no meio de campo, com pouca objetividade e que muitas vezes resulta em uma bola alçada na área.
Contudo é necessário que a bola chegue ao ataque do Palmeiras com qualidade
para os (bons) jogadores do setor ofensivo parmerista possam fazer o que sabem.
Em relação ao ataque é importante apontar
as dificuldades que o time está enfrentando, seja devido a um Dudu ainda não
tão efetivo quanto no segundo semestre do ano passado, mas mesmo assim
apresentando bom futebol, tal qual contra o Junior Barranquilla, seja pela
ausência de um meia armador mais clássico, capaz de em uma bola, com um passe
achar uma situação de gol. Em relação ao meia armador, há uma dificuldade
devido à má fase do Lucas Lima que aparentemente não entrou em campo em 2019
ainda, o que leva a jogarmos com o Goulart nessa posição, que na verdade é um
meia atacante. O Dudu na partida contra o time colombiano conseguir exercer
esse papel, mas nos últimos anos é perceptível que ele rende muito mais pela
ponta esquerda do que centralizado, portanto não me parece que essa seja a solução.
O problema da criação e até para não ficar
dependente de um camisa 10 clássico em um dia inspirado pode ser resolvido com
jogadas de triangulação, sobretudo contra defesas que atuam mais aglutinadas
nas duas últimas faixas do campo. Dada a capacidade dos pontas alviverdes,
parece necessário um maior trabalho de tabela aproximada e ultrapassagem na
lateral do campo, com o auxílio dos laterais. Inclusive a utilização desse tipo
de jogada foi a forma mais efetiva de ataque contra o SP na semifinal do Estadual.
O problema é que aparentemente essa jogada não está sendo treinada e parece
acontecer como lampejo da qualidade técnica dos jogadores, ao passo que para
ser usada como recurso coletivo deve ser treinada no dia-a-dia, fazendo cada
vez mais com que alternativas para o ataque estejam no DNA da equipe e
aconteçam automaticamente, mesmo que de forma fortuita algum jogador específico
seja trocado.
Enfim, o Palmeiras campeão brasileiro há 4
meses ainda precisa evoluir e dada as necessidades do primeiro semestre está
jogando para o gasto, não comprometeu nada. A eliminação no Paulistinha não
deve ser utilizada como critério de avaliação final, nem para o bem, nem para o
mal. Esse campeonato deve ser encarado como pré-temporada, e como torneio de
pré-temporada deve ser utilizado para avaliar erros e acertos para os
campeonatos que importam, ou seja, caso tivéssemos vencido o SP e ido à final
ou até se ganhássemos esse torneio em nada mudaria todo o panorama apresentado
nos parágrafos acima, talvez a eliminação seja inclusive boa para jogar luz em
cima das dificuldades apresentadas e assim colaborar para saná-las. Em suma,
não é momento para desespero muito menos para empolgações precoces, o copo
alviverde ainda está meio cheio mas é preciso atenção para não aparecerem
buracos e ele fique meio vazio.

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