A célebre música “Comida” dos Titãs não poderia resumir melhor o desejo do torcedor parmerista nos últimos jogos: “a gente não quer só comida, quer comida, diversão e arte”. Desde que o futebol voltou após a parada de 4 meses devido à pandemia gerada pelo Coronavírus, o Palmeiras vem colecionando atuações pífias (ou ainda mais pífias que antes da parada) com um pequeno lampejo contra o Santos que só serviu para ludibriar a nossa torcida.
Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras
Nosso técnico argumenta,
coletiva após coletiva, que o time se comportou bem em campo, que fomos
Campeões do Paulistinha e que o time continua invicto no Brasileirão. Vamos partir
dos pontos mais simples para os mais abstratos. Em primeiro lugar, ganhar o Campeonato
Paulista não serve nem de longe como escudo para um desempenho horrível nas
primeiras rodadas do Brasileiro. Segundo, comemorar uma invencibilidade na qual
nós empatamos mais do que vencemos não faz o menor sentido.
Para além dos resultados do time,
é necessário jogar luz sobre as atuações, porque diferente das palavras do
professor, o time não se comportou bem. O time é lento na transição da defesa
para o ataque e consequentemente cria parcas chances de gol durante o jogo.
Esse foi o retrato do time em 4 dos cinco jogos desse campeonato. Sendo que um
desses jogos foi dentro de casa contra um Goiás remendado porque tinha perdido
mais de 10 atletas infectados pelo Coronavírus.
Poder-se-ia afirmar que o mau
desempenho é derivado das atuações ruins dos jogadores, alguns muito novos. Mas
essa tese também deve ser prontamente combativa, a exceção de velhos problemas
como Lucas Lima, o time sofre devido à formação que entra em campo. Em primeiro
lugar, o time joga com três volantes mesmo contra times inofensivos no ataque.
Sendo que um dos volantes, Gabriel Menino, é colocado para jogar aberto pela
ponta para impedir a subida do lateral esquerdo adversário (aparentemente todos
os laterais esquerdo dos times brasileiros são do nível do Roberto Carlos).
Esse posicionamento do Gabriel
Menino, simplesmente mata o futebol dele, dado que ele é volante, com poder de
marcação e chegada no ataque, bom chute de longa distância, ou seja, faz o
famigerado box to box, tão repetido por técnicos e comentaristas esportivos.
Mas ao invés de utilizar essa qualidade, o professor Luxemburgo o deixa jogando
como uma espécie de falso ponta para melhorar a marcação.
Outro ponto importante é o fato
de que a escalação com três volantes sacrificou justamente a entrada de um
atacante pela ponta, ou seja, o time fica penso. Para fazer jogadas de
velocidade, o Palmeiras necessita que o Rony faça algo que até agora ele não
mostrou que consegue fazer no Palmeiras. Dessa forma, tirando uma opção de
ataque, o Palmeiras perde amplitude no campo, fica mais lento em um dos lados
do ataque e tende a levar o jogo sempre pelo meio, o que facilita a vida dos
marcadores.
Essa estratégia gera impactos
negativos para outros jogadores do time: Rony fica como única opção de
velocidade e, portanto, concentra as atenções dos zagueiros. Além disso, com o
nosso ataque e a marcação concentrados no meio, o espaço para os nossos
volantes que possuem um bom chute de fora da área fica reduzido. Portanto, a
atual formação do Palmeiras deixa o time sem opções de velocidade e dificulta
as ações de outros talentos individuais, como um chute longo do Patrick ou uma
infiltração do Menino, que está preso ao lado do campo para segurar o fenomenal
lateral esquerdo adversário.
O Palmeiras continua invicto e
além de vitórias, falta diversão e arte. Não basta colocar os meninos em campo,
Luxa, tem que deixar eles jogarem o que sabem. Nem nos áureos tempos de ligação
direta defesas super estruturadas do Felipão nós vimos um time tão pouco
criativo e mais importante sem uma única ideia de jogo.
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