O parmerista não torce pro Palmeiras, ele vive e sente-o como se fosse uma parte indissociável da sua alma. A qual se manifesta de maneira mais acentuada nos momentos de maior êxtase, seja para o bem e para o mal.
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| Deyverson marca o gol do título da Libertadores-21. Foto: Olaondo/Reuters |
O parmerista também tem a incrível capacidade de não temer um confronto com um time com os melhores jogadores da galáxia e tampouco fica confiante frente a um jogo contra siglas alagoanas.
Contra o malvadão da mídia, essas contradições não se fariam diferentes, raro ou quiçá impossível seria encontrar um de nós extremamente confiantes mas não raro também seria ouvir que é justamente pelo fato de não vencer o dito adversário há 4 anos é que essa era a hora de ganhar. E a cada impropério ouvido, temblar de raiva, acreditar mais e mais numa glória que nos dizem impossível.
E se pedissem-nos para nomear um herói pro jogo? É nesse momento que toda a poesia futebolística inunda os corações alviverdes. Esses foram forjados nos mais excêntricos e inusitados heróis, em um time com Ademir da Guia, Dudu e Leivinha, o herói foi o muitas vezes esquecido Ronaldo no Paulista de 1974, Betinho na Copa do Brasil de 2012, um centroavante vindo de um time fora de série com apenas um gol na carreira, qualquer um na sua mais loucura sanidade nomeá-lo-ia de pronto a entrar no gramado, assim como nomearia rapidamente Breno Lopes na Libertadores de 2020, um atacante desconhecido vindo da série B e que possuía até então apenas um gol com o manto alviverde.
O mítico estádio Centenário, por sua vez, parecia autoescrever uma crônica de Eduardo Galeano, um dos seus mais ilustres filhos, ao passo que a peleja se desenrolava. Ainda mais pelo fato de que a bola de futebol tem a estranha mania de premiar aqueles personagens marginalizados, é o lugar em que a ascendência social e racial não entra e a bola parece ter um apreço inexplicável por aqueles personagens que sofrem mais, parece que como se quisesse em um vão momento reparar as injustiças do mundo, ela foge de quem muito é agraciado e aplaudido para se entregar aos pés de quem muito apanha, especialmente da vida.
Nesse preâmbulo não havia ninguém mais indicado do que o Deyverson para nos cantar a liberdade, cravar o nome no salão sagrado dos Libertadores da América, nenhum jogador consegue incutir tanto amor e ódio em tão pouco tempo nos corações parmeristas, com sua irresponsabilidade consciente de quem faz o gol mais importante da vida, simula agressão do árbitro e desaba no mais genuíno choro de quem venceu o mal.
O parmerista vive cada glória como se fosse a última, mesmo enfileirando taça após taça, ano após ano, ama e odeia com a intensidade que só quem veste verde e branco pode compreender. A história há de mostrar o quanto sois grandes todos aqueles que participaram desse episódio ímpar, histórias serão contadas ao longo das próximas décadas sobre esse episódio, não porque significou mais uma taça mas por ser o episódio que aguçou e atingiu o orgulho parmerista, queremos as copas e taças, mas o que nos alimenta e nos move é o sentimento e a paixão, a vontade de defender a honra de todos aqueles que vestiram e vestirão o Verde por toda a eternidade.

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