Deyverson, o chamaram de louco ao primeiro devaneio, que ninguém sabe exatamente quando foi. A loucura, provavelmente a mais humana das manifestações, justamente por ser tão irracional que nem mesmo a mais racional das análises consegue entender.
| Imagem: Ale Cabral / AGIF |
Um herói que passa a ideia da
loucura mas consegue responder a questões simples da vida como se fosse o maior
dos filósofos. Em um surto marxista, Deyverson quando perguntado se jogaria por
um rival alviverde respondeu que não poderia garantir nada, afinal o seu
trabalho como jogador de futebol era mercadoria e não possuía a possibilidade
de escolher quem irá compra-la.
As histórias desse herói
parmerista terão talvez um toque quixotesco, daqueles que montam um asno como
se fosse o mais rápido e forte alazão, daqueles que olham o jogador adversário
e os ataca como se fosse o mais temível dragão. Aquele que corre para roubar a
bola no meio de campo e levar até as redes, como se fosse um cavaleiro a
resgatar a donzela e leva-la para onde é de direito.
Não restam dúvidas, desde a Barra
Funda até Campo Grande, que não é possível falar do Deyverson, sem relacionar
loucura e amor e por vezes ódio. Os parmeristas que bradavam impropérios a cada
toque na bola do nosso herói que por vezes se confundia com o anti-herói passaram
a amá-lo e venerá-lo, como daquelas paixões sem sentido, nas quais não importa
mais o que aconteça, aqueles que vestem verde sempre o amarão.
Michel Foucault disse certa vez que a psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, porque é justamente a loucura que detém a verdade sobre a psicologia. Dessa forma, deixemos que a loucura conte as histórias. Expulsões, gols perdidos, impedimentos? Esqueçam, não existiu, se apagaram na história pela chama ardente da loucura que garantiu o tri campeonato da Libertadores. As paredes da casa parmerista já contam essa história para quem quiser ver, ler, assistir e se impressionar.
Deyverson agora se despede do Palmeiras, jogue o que jogar daqui em diante, será sempre o maior jogador de
todos os tempos desde as 7 da noite de 27 de novembro de 2021, e mesmo que
apareça um ainda mais louco pelas alamedas do Palestra Itália, terá sempre o
seu louco lugar guardado na história parmerista.
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