Palmeiras e posse de bola: Ter ou não ter, eis a questão


Resultado de imagem para felipão imagensO Palmeiras vem enfileirando bons resultados e isso está se traduzindo em recordes desse time comandado pelo Felipão, o último deles a marca de 27 jogos seguidos sem perder em Campeonatos Brasileiros, superando a marca de 26 jogos da segunda academia em 72/73, e me permitam escalar o time, o qual contava com nada menos que Leão, Eurico, Alfredo e Luís Pereira, Zeca. Dudu e Ademir da Guia. Edu, Nei, Leivinha e César Maluco.

Todavia, apesar dos bons resultados, muitas críticas se fazem ao modelo de jogo implantado pelo Felipão, as críticas recaem, sobretudo, com relação ao fato do Palmeiras em vários jogos ter menos posse de bola que o adversário, e em alguns casos por supostamente abusar da ligação direta e preferir brigar pela segunda bola ao invés de construir a jogada desde a defesa. Pois bem, como já dizia um grande filósofo na década passada, o qual desfilava seu conhecimento aos sábados no Clube do Jd. São Paulo na zona norte paulistana, “o gol é consequência do passe”. Dessa forma, qual o objetivo da troca de passes se não criar chances reais de gol? É justamente nesse dado, o de chances reais de gol, que quero chamar a atenção. O Palmeiras em todos os quatro jogos do Campeonato Brasileiro, bem como, nos jogos da Libertadores, teve mais chances reais de gol que o adversário, o que inclui a derrota para o San Lorenzo na Argentina, um dos piores se não o pior jogo do Palestra na temporada, além do jogo contra o Internacional na terceira rodada do Brasileirão, no qual o Palmeiras teve menos de 40% de posse de bola durante o jogo.

É importante ressaltar, com base nessas informações, a solidez a defesa alviverde, a qual é diretamente responsável por esse sucesso e nesse ponto falta humildade aos “especialistas” em futebol moderno. Inclusive, não se fala disso mas o Palmeiras atual vem jogando em 4-2-3-1, com boas variações na linha de ataque mas que precisa ser aprimorada, mas essa análise detalhada demanda um post futuro. Voltando ao sucesso da defesa parmerista, esse sucesso não se verifica exclusivamente pela qualidade dos jogadores do time, mas sobretudo pelo esquema, pelo posicionamento. O Palmeiras joga com as linhas aproximadas e muito bem postadas, o que dificulta para qualquer time infiltrar na linha defensiva, sendo assim é difícil o adversário criar uma chance real de gol mesmo tendo mais posse de bola, a defesa do Palmeiras transforma a posse de bola adversária em um inútil trocar de passes horizontais que não oferecem riscos. Além disso, o posicionamento da defesa na bola parada, falta, escanteio ou até mesmo laterais, é um primor, poucos times no mundo, mesmo aqueles com pontuações centenárias em seus campeonatos nacionais tomam tão poucos gols de bola parada quanto o Palmeiras.

Uma das formas de sofrer poucos riscos defensivos, de fato, é recorrer ao chutão quando o time adversário sobe a marcação, mas veja bem, o chutão é utilizado na imensa maioria dos casos quando a zaga sofre pressão para sair jogando e não durante todo o jogo como se da a entender em alguns comentários com rancor além da conta. Contudo, tendo a concordar que o Palmeiras pode ter mais repertório, que é necessário uma triangulação maior de jogadas no ataque, inclusive para potencializar a qualidade dos jogadores que jogam pelos lados como o Dudu. Mas de forma alguma o time deve se esforçar para se tornar refém de um estilo de jogo, no qual a posse de bola é tão obrigatória, que o zagueiro ou goleiro fique constrangido em afastar a bola para se livrar do perigo. O futebol do Verdão pode ser sim aprimorado, mas tal qual não pode ficar preso aos dogmas da boleiragem dos anos 90, tampouco deve ficar presa aos dogmas do futebol moderno que proíbe recursos de jogo que passem maior segurança, sob a pena de cair na fogueira da inquisição do futebol moderno.

Em suma, a posse de bola é importante, mas esse fator não é tudo. Um time que precise trocar poucos passes para chegar ao gol também deve ser enaltecido. Ou seja, o paradoxo shakespeariano criado em relação à posse de bola, as vezes de forma implícita e as vezes de forma explícita não se verifica na prática, nem para o bem nem para o mal. As ações do comandante palestrino podem sim ser contestadas, em vários aspectos, como a  (não) utilização dos meninos da base, por exemplo. Entretanto, os resultados vem advogando como nunca antes na história desse país, em favor do nosso amado e rabugento treinador.

Comentários

Lohana disse…
Você está certíssimo! Não sou fã do Felipão, mas alguém disse que em time que está vencendo não se mexe, e tendo a concordar com isso. Nada no futebol importa mais que o resultado, e isso o Palmeiras tem de sobra neste quase um ano de Felipão. Não faz sentido tentar adotar um estilo de jogo defendido pelos teóricos do futebol moderno se o Palmeiras não precisa dele para criar chances de gol e colocar medo nos adversários. O Palmeiras tem seu próprio estilo de jogo e joga um futebol bonito e bom de se ver. Parabéns pelo texto, Vinicius, além de ser o maior palmeirense de todos os tempos você também é o maior comentarista que o mundo já teve.