Todavia, apesar dos
bons resultados, muitas críticas se fazem ao modelo de jogo implantado pelo
Felipão, as críticas recaem, sobretudo, com relação ao fato do Palmeiras em
vários jogos ter menos posse de bola que o adversário, e em alguns casos por
supostamente abusar da ligação direta e preferir brigar pela segunda bola ao
invés de construir a jogada desde a defesa. Pois bem, como já dizia um grande
filósofo na década passada, o qual desfilava seu conhecimento aos sábados no
Clube do Jd. São Paulo na zona norte paulistana, “o gol é consequência do
passe”. Dessa forma, qual o objetivo da troca de passes se não criar chances
reais de gol? É justamente nesse dado, o de chances reais de gol, que quero
chamar a atenção. O Palmeiras em todos os quatro jogos do Campeonato Brasileiro,
bem como, nos jogos da Libertadores, teve mais chances reais de gol que o
adversário, o que inclui a derrota para o San Lorenzo na Argentina, um dos
piores se não o pior jogo do Palestra na temporada, além do jogo contra o
Internacional na terceira rodada do Brasileirão, no qual o Palmeiras teve menos
de 40% de posse de bola durante o jogo.
É importante ressaltar,
com base nessas informações, a solidez a defesa alviverde, a qual é diretamente
responsável por esse sucesso e nesse ponto falta humildade aos “especialistas”
em futebol moderno. Inclusive, não se fala disso mas o Palmeiras atual vem
jogando em 4-2-3-1, com boas variações na linha de ataque mas que precisa ser
aprimorada, mas essa análise detalhada demanda um post futuro. Voltando ao
sucesso da defesa parmerista, esse sucesso não se verifica exclusivamente pela
qualidade dos jogadores do time, mas sobretudo pelo esquema, pelo
posicionamento. O Palmeiras joga com as linhas aproximadas e muito bem
postadas, o que dificulta para qualquer time infiltrar na linha defensiva,
sendo assim é difícil o adversário criar uma chance real de gol mesmo tendo
mais posse de bola, a defesa do Palmeiras transforma a posse de bola adversária
em um inútil trocar de passes horizontais que não oferecem riscos. Além disso,
o posicionamento da defesa na bola parada, falta, escanteio ou até mesmo
laterais, é um primor, poucos times no mundo, mesmo aqueles com pontuações
centenárias em seus campeonatos nacionais tomam tão poucos gols de bola parada
quanto o Palmeiras.
Uma das formas de
sofrer poucos riscos defensivos, de fato, é recorrer ao chutão quando o time
adversário sobe a marcação, mas veja bem, o chutão é utilizado na imensa
maioria dos casos quando a zaga sofre pressão para sair jogando e não durante
todo o jogo como se da a entender em alguns comentários com rancor além da
conta. Contudo, tendo a concordar que o Palmeiras pode ter mais repertório, que
é necessário uma triangulação maior de jogadas no ataque, inclusive para
potencializar a qualidade dos jogadores que jogam pelos lados como o Dudu. Mas
de forma alguma o time deve se esforçar para se tornar refém de um estilo de
jogo, no qual a posse de bola é tão obrigatória, que o zagueiro ou goleiro
fique constrangido em afastar a bola para se livrar do perigo. O futebol do
Verdão pode ser sim aprimorado, mas tal qual não pode ficar preso aos dogmas da
boleiragem dos anos 90, tampouco deve ficar presa aos dogmas do futebol moderno
que proíbe recursos de jogo que passem maior segurança, sob a pena de cair na
fogueira da inquisição do futebol moderno.
Em suma, a posse de
bola é importante, mas esse fator não é tudo. Um time que precise trocar
poucos passes para chegar ao gol também deve ser enaltecido. Ou seja, o paradoxo shakespeariano criado em relação à posse de bola, as vezes de forma implícita e as vezes de forma explícita não se verifica na prática, nem para o bem nem para o mal. As ações do
comandante palestrino podem sim ser contestadas, em vários aspectos, como
a (não) utilização dos meninos da base,
por exemplo. Entretanto, os resultados vem advogando como nunca antes na
história desse país, em favor do nosso amado e rabugento treinador.
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