Abel Ferreira: O jacobino palestrino

 

Há muito nos foi prometida a Revolução, uma revolução que traria não só vitórias mas também o direito de bailar. Transitando entre a defesa e o ataque como jacobinos e girondinos marchando rumo à derrubada da bastilha e consequentemente do adversário.


       Foto: Facebook PAOK

As tentativas foram em vão, Eduardo Baptista e Roger Machado, bastiões dos esquemas táticos modernos sucumbiram à guilhotina de técnicos palmeirenses. O primeiro sofreu com o fantasma de Cuca e o título Brasileiro de 2016 que exigiam do novo técnico nada mais que a perfeição. Apesar da pouca paciência, o futuro mostrou que o referido líder não estava preparado para tamanho desafio, não por acaso, três anos depois tenta reconstruir sua carreira dirigindo o emergente Mirassol na série D, em busca de um projeto longo com ascensões às séries nacionais maiores e que o recoloquem no mercado da série A.

No caso de Roger Machado, as expectativas foram maiores mas esse ao menos não teve que conviver com sombras e fantasmas, pelo menos até a fatídica final do Paulista de 2018. Para além de não conseguir conviver com a pressão derivada daquele jogo, a insistência em argumentos acadêmicos e uma postura professoral à beira do campo levaram à queda do treinador e a um período de interstício revolucionário.

Nesse período, tivemos glórias com um líder do passado, Felipão nos colocou de volta no topo de Brasil e durante 2019, apesar das críticas excessivas, deu padrão de jogo bem estabelecido aoPalmeiras durante as 9 primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro pré-Copa América. Após a Copa América, o desempenho foi se abaixo por motivos que carecem explicação e mais um foi direcionado à guilhotina. Veio Mano Menezes, veio quem nunca deveria ter pisado nas alamedas do Palestra Itália, durou mais do que tinha que durar, a guilhotina foi acionada mais uma vez.

Mais um vez nos prometeram a revolução, avançaríamos de forma imponente rumo à vitória. Enquanto esperávamos um líder que liderasse a ofensiva, recebemos um líder que vivia das glórias dopassado. Soldados perdidos frente a ataques de adversários medíocres, a revolução se afastava e a guilhotina de técnicos mais uma vez não falhava.

Mas a revolução virá, disseram ele, traremos o líder dela, custe o que custar. E realmente trouxeram.

Pela primeira vez em dois pares de anos, o discurso encontrou a prática. Abel Ferreira é um líder que pode nos levar para o futuro, independente do que houve no passado. O verde que já perdia o brilho de esperança, acende novamente a chama que alimenta a força motriz de nossa causa centenária.

O novo líder famoso por ser intenso, não aceita perder a bola sem buscar incessantemente a sua retomada. Os guerrilheiros no campo de batalha sabem exatamente onde devem estar, para onde devem correr e possuem autorização para inovar quando oportuno ou necessário. Todos avançam e todos protegem, ninguém pode ficar parado e é necessário que esse ponto seja compreendido por quem deve se movimentar sem parar.

A guilhotina de técnicos continuará onde sempre esteve mas o desejo de sangue da multidão deve ser contido. É estritamente necessário ter paciência, compreender que nosso novo líder precisa de tempo para que a revolução seja permanente e não apenas um lampejo.

Os termidorianos tentarão nos derrubar, mas devemos protege-lo. Abel Ferreira é o jacobino palestrino e não podemos deixar que ele tenha um final no Palmeiras igual ao de Robespierre na Revolução Francesa.

Comentários

Lohana disse…
Muito interessante e criativo seu texto. Infelizmente, no futebol moderno importa mais o placar final do que a evolução do time, e por isso muitas revoluções nem começam. Espero que os torcedores tenham paciência dessa vez, como você mesmo disse,e deem tempo suficiente à implementação de um novo estilo de jogo.