Há muito nos foi prometida a
Revolução, uma revolução que traria não só vitórias mas também o direito de
bailar. Transitando entre a defesa e o ataque como jacobinos e girondinos
marchando rumo à derrubada da bastilha e consequentemente do adversário.
As tentativas foram em vão, Eduardo Baptista e Roger Machado, bastiões dos esquemas táticos modernos sucumbiram à guilhotina de técnicos palmeirenses. O primeiro sofreu com o fantasma de Cuca e o título Brasileiro de 2016 que exigiam do novo técnico nada mais que a perfeição. Apesar da pouca paciência, o futuro mostrou que o referido líder não estava preparado para tamanho desafio, não por acaso, três anos depois tenta reconstruir sua carreira dirigindo o emergente Mirassol na série D, em busca de um projeto longo com ascensões às séries nacionais maiores e que o recoloquem no mercado da série A.
No caso de Roger Machado, as
expectativas foram maiores mas esse ao menos não teve que conviver com sombras
e fantasmas, pelo menos até a fatídica final do Paulista de 2018. Para além
de não conseguir conviver com a pressão derivada daquele jogo, a insistência em
argumentos acadêmicos e uma postura professoral à beira do campo levaram à
queda do treinador e a um período de interstício revolucionário.
Nesse período, tivemos glórias
com um líder do passado, Felipão nos colocou de volta no topo de Brasil e durante
2019, apesar das críticas excessivas, deu padrão de jogo bem estabelecido aoPalmeiras durante as 9 primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro pré-Copa
América. Após a Copa América, o desempenho foi se abaixo por motivos que
carecem explicação e mais um foi direcionado à guilhotina. Veio Mano Menezes,
veio quem nunca deveria ter pisado nas alamedas do Palestra Itália, durou mais do que tinha que durar, a guilhotina foi acionada mais uma vez.
Mais um vez nos prometeram a
revolução, avançaríamos de forma imponente rumo à vitória. Enquanto esperávamos
um líder que liderasse a ofensiva, recebemos um líder que vivia das glórias dopassado. Soldados perdidos frente a ataques de adversários medíocres, a
revolução se afastava e a guilhotina de técnicos mais uma vez não falhava.
Mas a revolução virá, disseram
ele, traremos o líder dela, custe o que custar. E realmente trouxeram.
Pela primeira vez em dois pares
de anos, o discurso encontrou a prática. Abel Ferreira é um líder que
pode nos levar para o futuro, independente do que houve no passado. O verde que
já perdia o brilho de esperança, acende novamente a chama que alimenta a força
motriz de nossa causa centenária.
O novo líder famoso por ser
intenso, não aceita perder a bola sem buscar incessantemente a sua retomada. Os
guerrilheiros no campo de batalha sabem exatamente onde devem estar, para onde
devem correr e possuem autorização para inovar quando oportuno ou necessário.
Todos avançam e todos protegem, ninguém pode ficar parado e é necessário que esse
ponto seja compreendido por quem deve se movimentar sem parar.
A guilhotina de técnicos
continuará onde sempre esteve mas o desejo de sangue da multidão deve ser
contido. É estritamente necessário ter paciência, compreender que nosso novo líder
precisa de tempo para que a revolução seja permanente e não apenas um lampejo.
Os termidorianos tentarão nos
derrubar, mas devemos protege-lo. Abel Ferreira é o jacobino palestrino
e não podemos deixar que ele tenha um final no Palmeiras igual ao de
Robespierre na Revolução Francesa.
Comentários